Mais um dia, mais uma viagem

Nas nossas vidas, despendemos muito tempo a comutar. Sem termos grande noção, gastamos muitas horas do nosso dia em transportes públicos, no carro, a andar a pé de um lado para o outro, e até a enfrentar condições climatéricas adversas, especialmente nestes últimos dias. No meu caso, despendo no mínimo duas horas diárias a deslocar-me de casa para a faculdade, e vice-versa. O automóvel é o primeiro meio de transporte que utilizo… antes da viagem de 40 minutos de autocarro até à cidade grande. As viagens no “expresso” para Lisboa são sempre surpreendentes e raramente iguais.

Mas o que muda?

Mudam as pessoas, muda o motorista e até mesmo o próprio veículo. Todos os dias conversas diferentes, passageiros diferentes, cheiros diferentes… Cada dia uma nova aventura a bordo. De manhã, viajo quase sempre no silêncio. Pelo contrário, à tarde ouço muitas conversas cruzadas, passageiros que falam ao telemóvel, outros que se reencontram e passam o caminho todo a pôr a conversa em dia. Resumindo: acho que em cada dia poderia escrever um capítulo de um livro intitulado “Conversas de autocarro”.Por vezes rio-me com aquilo que ouço, confesso que se ouvem histórias verdadeiramente surpreendentes.Todas estas situações me ajudam a passar o tempo, e num piscar de olhos já cheguei ao destino. Destino do autocarro, claro está, porque ainda me falta apanhar mais um meio de transporte – o metro.

Quando era pequena, era fascinada pelo metro, hoje em dia vejo-o apenas como um meio de transporte rápido, que me leva onde quero ir em apenas cinco minutos. Mas a viagem não termina à saída da estação, ainda tenho pela frente uma caminhada de dez minutos, até chegar ao meu verdadeiro destino – a faculdade.

Todos os dias faço e desfaço este percurso.
Vejo, ouço, cheiro e vivo todas estas pequenas deslocações com grande intensidade:

Mais um dia, mais uma viagem!

(Texto produzido para o RadioLab)