sexta-feira, maio 13, 2005

Corpo...Corpos...

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Estava para ali sentada...tentando enganar o tempo, que depressa passava... as horas cavalgavam sem que eu as pudesse deter. Vi corpo... vi-te nu e quis ver mais...e mais.. e mais... e porque “nem todo o corpo é carne...não, nem todo..”, quis sentir-te mais próximo porque o corpo “é também água, terra, vento, fogo...”. Sem querer alcancei aquele meu astro favorito e sorri...com aquele sorriso de... “no teu corpo existe o mundo todo!”...
Pensei... de facto já é um tanto tarde, mas apetece-me tanto flutuar...peguei num par de livros e desatei a ler sofregamente até encontrar, ou então, até ser encontrada. Deixo aqui excertos daquilo que me prendeu sem possível escapatória...


“Tu gostas de mim por causa do meu corpo. Sim é verdade, só gosto de ti por causa do teu corpo. Mas toma atenção, o teu, e os corpos em geral, são bem mais do que julgas. É preciso respeitar, fazer ginástica, não maltratar. São a nossa primeira casa. E já agora a última. E nunca ponhas a palavra “sexo” diante da palavra “só”. No nosso caso não se aplica. Podes só acrescentar, se quiseres ser gentil, “absoluto”, quer dizer, o que tudo compreende sem nada deixar de fora, nem o corpo sequer, nem os corpos.
Se não tivéssemos corpo talvez fosse mais fácil, dizes tu. Era mais fácil, não tenhas dúvidas. Mas como seria? Se eu não tivesse corpo, os outros também não tinham. Como te encontraria? Como saberia que eras tu e não outra qualquer? Dizia-te ao ouvido: querido, sou eu, respondia ela sem hesitar. Imagina tu que há mesmo um céu para onde se vai, é melhor marcarmos já o ponto de encontro para não perdermos tempo a perguntar.”

Pedro Paixão, in Muito, Meu Amor’

Que sensação de leveza...sinto eu, ainda aqui sentada!! Talvez...um poema para finalizar, e porque de corpo e de corpos também fala, brinca...aproveita!!!

O Corpo Os Corpos

O teu corpo O meu corpo E em vez de corpos
que somados seriam nossos corpos
implantam-se no espaço novos corpos
Ora mais ora menos que dois corpos

Que escorpião de súbito estes corpos
quando um espelho reflecte os nossos corpos
e num só corpo feitos os dois corpos
ao mesmo tempo somos quatro corpos

Não indagues agora se o meu corpo
se contenta só corpo no teu corpo
ou se busca atingir todos os corpos

que no fundo residem num só corpo
Mas indaga sem pausa além do corpo
o finito infinito destes corpos

David Mourão-Ferreira in ‘Obra Poética’

E pronto...é mesmo tarde...os olhos pesam-me, mas a alma...essa, mal a sinto...ainda anda lá no telhado, em busca daquele que se esconde por detrás do fumeiro !!!

6 comentários:

Anónimo disse...

Gostei deste post...principalmente do excerto do livro do Perdo Paixão :) ***

Nessy disse...

hummmmm...eu adorei este excerto...até porque...sem querer..já pensei e inclusive já proferi algumas daquelas palavras "Se não tivéssemos corpo talvez fosse mais fácil.."...e ontem ao ler...fiquei especialmente feliz...por me ver ali...com aquele mesmo sentimento... Beijo Lana e obrigado pelo comment!!!

Nessy disse...

Começo a achar que a água da piscina anda a despertar em mim a nudez...a leveza...a vontade... aquele desejo imenso de ti... “a tua nudez inquieta-me”... lol....são fases!!!!

Anónimo disse...

Olha achei os textos muito interessantes.Da para perceber claramente que você se dedica muito ao blog também.Meus parabens e continue assim.Seu blog está muito legal mesmo(legal = fixe)

HappySam disse...

magnifico
http://www.warwick.ac.uk/~poubae/

A. disse...

Muito bom! =)